Capadócia
Habitada há pelo menos quatro milênios, a região da Capadócia é muito lembrada pelos fotogênicos voos de balão ao amanhecer. Mas, para além do colorido turístico que se estende pelo céu, a paisagem exibe impressionantes vilas subterrâneas, talhadas em pedras calcárias em formato de torre, constituídas por lava vulcânica e moldadas pelo vento e pela chuva por milhões de anos. Esconderijos de cristãos e refúgios de antigas comunidades nômades, os criadores dos famosos e raros cavalos da raça Akhal-Teke –, essas grutas, também chamadas de “chaminés de fada”, são, em sua maioria, tombadas como Patrimônio Mundial pela Unesco.
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Isso se deve à riqueza antropológica das rochas, a exemplo das “cidades” de Kaymakli e Derinkuyu, que submergem até 20 andares abaixo do chão por meio de impressionantes escadarias, túneis e cômodos diversos escavados na pedra; e do povoado de Uçhisar, com vista para o deslumbrante Vale Vermelho, onde os balões desfilam todas as manhãs. Algumas dessas cavernas ainda foram transformadas em hotéis-boutique, ricamente adornadas com antiguidades da era romana e otomana e tapeçarias persas.

Destaque também para o legado artístico dos afrescos romanos orientais das igrejas do Museu ao Ar Livre de Göreme, como a Igreja das Trevas e a Capela de São Basílio: as pinturas rupestres foram realizadas pelos cristãos entre 400 e 1.100 d.C. e incluem figuras como São Miguel Arcanjo, Santa Bárbara e, claro, São Jorge com seu dragão. A cerâmica otomana, criada no século 15, é outra arte que atravessou gerações e está viva em várias olarias em Avanos, cidade famosa por seus pratos, jarros e azulejos de barro vermelho com tulipas pintadas à mão.
Por fim, a Capadócia abriga a ancestral cerimônia dos dervixes, monges islâmicos conhecidos pelos rodopios em transe místico, ao som de flautas e tambores: a posição de uma mão para cima e outra para o chão simboliza a ligação entre Alá e os mortais.

Texto por Fernando M. Torres
