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Capadócia

15/07/2022

Habitada há pelo menos quatro milênios, a região da Capadócia é muito lembrada pelos fotogênicos voos de balão ao amanhecer. Mas, para além do colorido turístico que se estende pelo céu, a paisagem exibe impressionantes vilas subterrâneas, talhadas em pedras calcárias em formato de torre, constituídas por lava vulcânica e moldadas pelo vento e pela chuva por milhões de anos. Esconderijos de cristãos e refúgios de antigas comunidades nômades, os criadores dos famosos e raros cavalos da raça Akhal-Teke –, essas grutas, também chamadas de “chaminés de fada”, são, em sua maioria, tombadas como Patrimônio Mundial pela Unesco.

Aldeia de "chaminés de fada" na Capadócia, Turquia.

Isso se deve à riqueza antropológica das rochas, a exemplo das “cidades” de Kaymakli e Derinkuyu, que submergem até 20 andares abaixo do chão por meio de impressionantes escadarias, túneis e cômodos diversos escavados na pedra; e do povoado de Uçhisar, com vista para o deslumbrante Vale Vermelho, onde os balões desfilam todas as manhãs. Algumas dessas cavernas ainda foram transformadas em hotéis-boutique, ricamente adornadas com antiguidades da era romana e otomana e tapeçarias persas.

Cidade subterrânea Derinkuyu.

Destaque também para o legado artístico dos afrescos romanos orientais das igrejas do Museu ao Ar Livre de Göreme, como a Igreja das Trevas e a Capela de São Basílio: as pinturas rupestres foram realizadas pelos cristãos entre 400 e 1.100 d.C. e incluem figuras como São Miguel Arcanjo, Santa Bárbara e, claro, São Jorge com seu dragão. A cerâmica otomana, criada no século 15, é outra arte que atravessou gerações e está viva em várias olarias em Avanos, cidade famosa por seus pratos, jarros e azulejos de barro vermelho com tulipas pintadas à mão.

Por fim, a Capadócia abriga a ancestral cerimônia dos dervixes, monges islâmicos conhecidos pelos rodopios em transe místico, ao som de flautas e tambores: a posição de uma mão para cima e outra para o chão simboliza a ligação entre Alá e os mortais.

 

Igreja das trevas.

Texto por Fernando M. Torres

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